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Vidas em Cordel, uma exposição para a história

Foto: Guilherme Sai.

A exposição Vidas em Cordel é, sem dúvidas, um marco na história da poesia popular e em minha caminhada, como produtora cultural e xilogravadora. Idealizada pelo Museu da Pessoa, em celebração aos 30 anos deste importante repositório da memória nacional, reúne depoimentos colhidos ao longo de 30 anos adaptados para o cordel. 

Jonas Samaúma. Acervo: Museu da Pessoa.

Os primeiros folhetos foram escritos por Jonas Samaúma, cocurador da exposição, com xilogravuras de Artur Soar; depois, Marco Haurélio e eu fomos convidados para a criação de textos e imagens que abarcassem o universo do cordel em consonância com a história dos entrevistados. 

Nomes como Ailton Krenak, Gilberto Dimenstein e Roberta Estrela Dalva aparecem ao lado de outros não tão conhecidos do grande público, mas igualmente importantes, afinal, como diz o lema do Museu da Pessoa, toda história importa. E toda vida dá um cordel.

A exposição percorreu cidades da Bahia, incluindo o Museu Afro, em Salvador, Pernambuco e Minas, até desembarcar, em 2 de novembro, no Museu da Língua Portuguesa, convertendo-se num evento de grande sucesso. Tanto que ganhou mais dois meses, dada a grande procura do público que, além da exposição, pode levar para a casa folhetos de cordel narrando as biografias das pessoas mencionadas acima, incluindo três figuras lendárias do entorno do Parque da Luz, onde se localiza o Museu da Língua Portuguesa, todas já falecidas: MC Kawex, Cleone dos Santos e Idibal Pivetta (César Vieira).

Marco Haurélio lê folheto que narra a história do Museu da Língua Portuguesa.
Foto: Acervo Museu da Pessoa.

Além de Jonas e Marco Haurélio, a coleção conta com versos de José Santos, Mestre Bule-Bule, Rouxinol do Rinaré, Maria Celma, Gigio Paiva, Nilza Dias e Klévisson Viana. E com xilogravuras de Regina Drozina, Maercio Siqueira, Jefferson Campos, além de mim e de Artur Soar.

Lucélia Borges. Foto: Bel Santos Mayer.

E neste sábado, 29 de março, a partir das 11 da manhã, ministrarei uma oficina de xilogravura e isogravura, encerrando as atividades formativas da exposição. 

Quem tiver interesse, pode se inscrever no link: https://pt.surveymonkey.com/r/MRNVKSG

Para conhecer a exposição virtual, basta acessar o site do Museu da Pessoa.

Clique aqui para assistir a uma matéria do Jornal da Cultura na abertura da exposição. 

Mais fotos:

Folheto de autoria de José Santos em homenagem ao falecido jogador Dário Alegria.

Teresa e Lucas Lara, do Museu da Pessoa, ao lado de Lucélia Borges.
 







 

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Biografia

  Lucélia Borges nasceu em Bom Jesus da Lapa, sertão baiano, e viveu muitos anos em Serra do Ramalho, região do Médio São Francisco, em companhia da bisavó Maria Magalhães Borges (1926-2004), uma grande mestra da cultura popular. Produtora cultural, artista plástica, xilogravadora, contadora de histórias e terapeuta holística, dedica-se à pesquisa das manifestações tradicionais do interior baiano, com destaque para a cavalhada teatral de Serra do Ramalho e de Bom Jesus da Lapa, tema de sua dissertação de mestrado apresentada à Universidade de São Paulo (USP), defendida em 2020 Entre os anos de 2002 e 2006, cursou Letras/Inglês pela Universidade do Estado da Bahia UNEB-BA. Produção cultural Foi idealizadora e curadora do projeto No Sopro da Cultura , realizado em Serra do Ramalho, Bahia, e apoiado pela FUNARTE. O projeto voltou-se à revitalização da banda de pífanos Irmãos Maciel, da Agrovila 07.  O cantor Paulo Araújo e a banda de pífanos Irmãos Maciel. Foi também uma das...